O problema da cerveja está na violência

O problema da cerveja está na violência

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Senhor deitado e lendo jornal, na calçada. Foto: Matheus Ferrero via UnsplashSenhor deitado e lendo jornal, na calçada. Foto: Matheus Ferrero via Unsplash

Photo by Matheus Ferrero on Unsplash

Sentei no sábado cedo para ler o jornal. Tinha enfileirado todas as garrafas vazias de cerveja que tomei em casa com meu marido e amigos. Era na verdade uma coleção que esperava na fila do lixo, mas confortáveis dentro de caixas de papelão na área da churrasqueira, junto aos jornais velhos.

Logo na capa, más notícias. Nunca tenho esperança com essa primeira leitura mesmo. Mas ao folhear, sujando os dedos de tinta no áspero papel do jornal, buscava coisas que poderiam fazer o mundo mais dentro da minha fé.  Só tinha violência. Em todos os cadernos sinais de que a nossa evolução como seres humanos ainda está longe de ser algo bem palpável.

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Como então queremos que o mercado do entretenimento seja saudável? Falei com um cara do Rio de Janeiro, tem bar por lá, mas reclamou. A conta óbvia seria um sucesso. Carioca tem o local por natureza deslumbrante. O cheiro que está no ar, aquela brisa salgada e úmida. A temperatura, que de tão quente, pede algo refrescante. A energia das pessoas que arrastam as havaianas enquanto ouvem uma música. Tudo isso pede uma boa cerveja. A conta seria essa. As ondas batendo e os goles descendo. Amargo, mas não da vida.

Nos jornais, o horror de ler sobre os arrastões. Sempre. Como os turistas vão sair tranquilamente para conhecer nossos “points”? Como os moradores vão passear pelo bairro a pé e beber um chope diferente? Os trabalhadores saindo para o happy hour estarão tranquilos? Ninguém tem paz se ler o jornal. A violência está ali muito mais do que para as boas notícias. Os fatos estão ali muito mais do que os lançamentos dos cervejeiros do momento. Não tem espaço para notícias saborosas. É preciso alertar o cidadão.

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No Rio, em São Paulo, nas pequenas cidades, medo, carro, vidro fechado. Fora do Brasil, em locais mais tranquilos, as pessoas andam a pé. Embriagadas e sem precisar chamar app´s ou pegar um táxi, nem mesmo os bondinhos são necessários quando o álcool te envolve em diversão por onde pisa, livre. Por aqui, sequer transporte público. Nada nos deixa chegar a cerveja, que não em casa, murados.

O problema da cerveja está na violência. Dos impostos. Cruéis. Que não entregam seu retorno em segurança, educação, boas estradas e assim por diante. Compromisso com o crescimento do pequeno empreendedor? Com o sonho dos honestos e de paz? Cargas tributárias complicadas e que desanimam cientistas do malte a realizarem deliciosas receitas para os habitantes da cidade e seu redor.

A dificuldade está em educar o cidadão. Primeiro para que ele seja de bem. Segundo para que consiga ter consciência nas escolhas que farão melhor para si e para os outros, como sociedade. Imagina, todos podendo brindar ao país, livre de violências, de corrupção e mentiras. Até lá, vamos continuar bebendo cerveja nos jardins de casa e lendo menos jornal quando quiser ir por bar, beber e conversar como se o futuro ainda nos esperasse.


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